quinta-feira, 16 de julho de 2009

É preciso sorte!

Estava aqui a pensar no nosso país (fruto do post anterior) e dei comigo a chegar à conclusão que até para se nascer é preciso ter sorte!
Porque há países que são assolados por todo o tipo de tragédias. São aqueles países de que só ouvimos falar quando algo de realmente grave aconteceu. E nestes países acontece tudo o que de realmente grave pode acontecer. Quando pensamos nos naturais destes países vêm sempre à mente pessoas pobres, a roçar o miserável, sujas, tristes de semblante, com ar de perseguidas, com jeitos de esquecidas!
São países onde acontecem os terramotos, as enchentes, os furacões, onde os vizinhos estão sempre a querer invadir, a querer proceder à limpeza étnica, a querer perseguir os que já nada têm ou alguma vez tiveram.
São países dos quais sabemos muito pouco excepto que, aquando das tragédias, as mortes são aos milhares, os desalojados idem. Aliás, às vezes parece que os habitantes destes países vivem mais em campos de refugiados do que nas suas próprias cidades. Parece-nos a todos que são países que sobrevivem à custa da ajuda humanitária.
São países dos quais não nos lembramos, que no fundo completamente desconhecemos porque - dizemos, de tragédias está o mundo farto. Na verdade, são países que o mundo esquece e não quer lembrar. Pergunto-me até se nestes países existem muitos cidadãos a querer renegar a nacionalidade?

Falo-vos - apenas como exemplo, do Bangladesh, do Curdistão, do Cambodja, da Arménia... arménia de Calouste Gulbenkian, por exemplo, que escolheu Portugal para fixar a sua fundação (o que será que esta fundação faz hoje por estes países?). A realidade é que são países como o nosso, com pessoas como as nossas, com cientistas, poetas, escritores, médicos, engenheiros..... são países com pessoas normais que apenas têm a pouca sorte de a natureza e os vizinhos marrarem sistemáticamente com eles. Mas, são países que merecem ser lembrados, que têm pessoas com os mesmos direitos que nós, quanto mais não seja o direito de por 5 minutos invadirem-me os pensamentos.

Hoje dou-lhes os meus 5 minutos! A música é da Arménia. Lévon Minassian (arménio) toca o doudouk, um instrumento tradicional do seu país. Este músico é uma das provas de que estes países também têm virtuosos iguais aos nossos. Neste caso, o génio toca a dor. Não sei se a dor das tragédias que continuamente lhes batem à porta, ou se a dor de serem esquecidos por nós.
Vá, fechem os olhos e ouçam. São só 5 minutos. E nesses minutos pensem nestas gentes. Assim como se fizessem um afago na consciência. E depois digam-me..... não é preciso sorte até para se nascer?

3 comentários:

Lula disse...

Tens razão, até para nascer é preciso sorte. É uma frase que repito, quase diáriamente, quando sou "abanada" com as notícias desses países que referes.
Eu tive sorte quando nasci. E faço hoje anos. PARABÉNS PARA MIM!

Peter disse...

Parabéns! Que contes muitos mais e que eu esteja cá para ver.

Lula disse...

AAAÍÍÍÍ, Peter, "gandas" férias!!!!
Quando é que voltas a honrar-nos com a tua escrita?
Toca a trabalhar malandro!