terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sorria!

Ando cá com uma vontade.... ah pois ando!
Nesta odisseia que tem sido a porcaria da campanha eleitoral ponho-me a pensar qual a melhor forma de reagir a tanta desgraça verbal, tanta falta de credibilidade, tanta conversa fiada, tantos casos e descasos, tanto "avacalhamento" da nossa pobre democracia (?)... não chego a qualquer conclusão!
Devemos reagir com curiosidade sobre as propostas apresentadas? E acreditar que fazem sentido e que são exequíveis? E que quem as apresenta sabe como as implementar e vai concretizá-las?
Devemos acreditar nos sorrisos e beijos distribuídos em feiras, mercados, cafés e afins? Devemos deixar estes anormais apertarem-nos a mão e beijarem-nos as criancinhas numa qualquer tentativa tosca de demonstrarem puro e verdadeiro afeto?
Devemos acreditar - quando os anormais param durante a "arruada" quando são interpelados pela Carmelinda da ourivesaria e esta lhes debita as preocupações da vida que eles se interessam? Eles então fazem um ar solene, fazem que ouvem e dizem a tudo que sim.... devemos acreditar que estes anormais estão verdadeiramente atentos às desgraças que a Carmelinda lhes confidencia?
Acho que não. Eu pelo menos já não acredito nestes mentecaptos! Estou farto de os ouvir, de os ver, de os cheirar.... para mim chega! Então como reagir?
Com palavrões! Isso mesmo, palavrões!
O palavrão liberta, pontapeia o stress, diz imenso em poucas palavras, tem força, tem impacto, emudece os tolos, deixa-os com as ventas à banda dando tempo para lhes enfiarmos com outro palavrão pelas trombas acima antes que possam grunhir algo! Não resolve.... mas sabe bem! Nem pode ser entendido como falta de educação ou vernáculo de baixo nível, não, faz bem à saúde mental e recomenda-se. Ah e tal, mas pega mal, devemos sempre manter o nível.... pró cacete com o nível!! Com estes anormais tem de ser na porrada, física e verbal. O pessoal do Porto descobríu esta terapia há muitos anos atrás e são bem mais felizes que o pessoal do sul! Nem é preciso a mostarda lhes chegar ao nariz. O palavrão está-lhes no ADN, floreia todas as frases que dizem e nós ao os ouvirmos sorrimos e não levamos a mal... então se o palavrão me faz sorrir é porque faz bem e recomenda-se!!
A partir de agora sempre que vejo ou ouço um destes anormais da política, pode até ser na televisão, posso até estar sózinho.... "Sócrates fez hoje uma visita a....." grito bem alto: vai pró ca***** oh Sócrates!!!, e sorrio! eh eh eh.... vai ser lindo vai..... vou no carro, ligo o rádio.... "Drª Manuela Ferreira Leite disse...." lá vem a gritaria: a p*** que te paríu Manelita....e sorrio! Na esplanada do café a ler umas letras gordas de um jornal "Cavaco despede assessor".... gritaria: e já vai tarde o cab***! ... e sorrio! Tudo a olhar pra mim a pensar quem será o maluco.... e olham para onde oh seus cornudos? e sorrio! Acreditem, vai libertar-vos! Tentem, não se acanhem.... vá lá, todos comigo.... "Sócrates eleito o 5º mais sexy...." atenção, gritaria em uníssuno.... A c*** da mãe dele, cab*** de panel****.... e sorriam! Então? Soube ou não soube bem? E o coleguinha aí do lado, começa ou não a ganhar-lhe medo? Deite-lhe um olhar bem fixo e grite-lhe: Fod*-**, estás a olhar pra onde car****? E sorria. Vê, já está a olhar para outro lado, verdade?

É o que eu digo, o palavrão liberta e intimida.... e nós sorrimos!


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Oremos!

Desde já as minhas desculpas aos seguidores deste Blog pelo atraso em novas postagens, mas estou de férias e há que aproveitar ao máximo todos os momentos com a família.
Por falar em família, li que a Igreja apela à oração antes do sexo.(???) Isso mesmo, a Igreja Católica está a incentivar os casais, unidos pelo matrimónio (só os casados pela Igreja, os amancebados e/ou casados apenas pelo civil não contam), a rezarem antes de terem relações sexuais. Para o efeito, foi publicado um livro onde um conjunto de orações convida os casais a «purificarem as suas intenções». «Prayer Book for Spouses» é um livro que chama a atenção do casal para os valores do casamento e da família.
Fico sem saber se aconselham a leitura e a oração antes ou depois da leitura do Kamasutra. Talvez intercalá-los.... posição 43, alçar a perna, agarrar com força pela coxa, joelhos para fora, rabo empinado, corpos em zig zag... dai-me pois força Senhor para encarar a dificuldade e a dor com vigor e alegria e acreditar que tudo é possível!
Hummmmm.... talvez a Igreja tenha tido conhecimento daquela expressão que os homens utilizam quando - em matilha, se vangloriam das suas conquistas sexuais : "Bom, então eu disse-lhe: minha menina, ajoelhaste agora tens de rezar!", vai daí, entenderam logo produzir um almanaque de orações para cada momento do acto. Ou então este livro de orações terá saído de um qualquer seminário onde já terá sido utilizado pelos santinhos da casa quando usavam e abusavam dos pequenos alunos que neles confiavam!.
De qualquer modo, cheira-me que este almanaque não é novo. Parece-me que já é usado há bastante tempo pela indústria pornográfica, antes, durante e no final do acto. As moçoilas no início da história quando o cristão baixa as calças, oram devagar..." Oh....my....God!", no meio do combate oram com rapidez... "Oh my God, Oh my God, Oh my God", e no final do acto, languidamente .... "Oh my God, i'm in heaven". Só não percebo o que fazem os palavrões no meio dos textos.... parece que estão sempre com raiva uns dos outros....
A Igreja, na verdade, demonstra que não tem mais nada que fazer e gosta de pôr o nariz em tudo o que pensa que lhe diz respeito. Neste caso em concreto põe só o nariz porque o resto lhes está vedado. O problema é que como lhe faltam os clientes vira-se agora para terrenos completamente desconhecidos para os sábios de batina! Eu por mim sempre rezei antes do acto e sempre agradeci no final. Rezo para que nada falte ao acto (se possível com acessórios) e agradeço a performance concedida!!
E por falar nisso, como estou de férias e - como já disse, há que aproveitar todos os momentos... vou ali orar um bocadinho e purificar as minhas intenções e já volto!


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Comé Quié?

Será que ainda sabemos escrever ou falar? Hummm.... acho que não! Porquê? Bom, porque ao ouvir as pessoas falarem e ao ler coisas escritas nos mais diversos sítios, chego facilmente à conclusão que a minha professora primária (Srª Dª Elisa) andou a gozar comigo nos 4 anos em que tivemos saudável convivência de tentativa e erro, ou seja, escrita e estalada!
É verdade verdadinha. Outro dia por exemplo dei por mim a fazer uma avaliação de bem falar francês! Logo eu que nunca tive francês na minha vida. Mas como tenho ascendência do D'Artagnan consigo entender tudinho o que os Croissants e os Soutiens dizem! Por isso é que sei que lingerie não se escreve langeri como outro dia aparecia no rodapé do telejornal. Mas voltando à questão, ía eu muito lampeiro por um Centro Comercial dentro (ou será adentro?) quando começo a ouvir um francês muitíssimo estranho. Verifiquei de imediato que não era francês da França, nem de Marrocos, nem do Senegal.... prestei mais atenção... mais um bocadinho... um "arréte"....captei! Era francês de Carrazeda de Ansiães (adoro este nome.... tem um poder especial, reparem : - De onde és? - Leiria! buuuuuuu, fraquinho. - De onde és? - CARRAZEDA DE ANSIÃES! eh lá.... tem força não tem?). Pois é, era francês de emigrante que anda lá fora a lutar pela "vie"! Tão estranho que só ouvindo. Sorri e comecei a pensar que não era preciso ir lá para fora para falar mal uma língua. Cá dentro as calinadas abundam em versão falada e escrita. E como temos novo acordo ortográfico um gajo não sabe se a pessoa está a falar ou a escrever correctamente. Senti-me tentado a perguntar à Srª Dª Elisa, mas como ainda tenho as reguadas bem presentes na mona achei por bem ficar quieto no meu cantinho!
No rodapé dos telejornais por exemplo, as calinadas são tantas que se tornam um verdadeiro desafio a quem ainda sabe falar e escrever em português ensinado pela bruxa, desculpem, pela Srª Dª Elisa. Ele é "impessa", "paciênssia", "cosinhado", "proventura", etc. etc. e pior ainda, as estações de televisão andam ao despique, porque são TODAS a cometer o mesmo tipo de erros.... por isso é que eu não sei se sou eu que não sei escrever. Então, se os Srs. Jornalistas falam e escrevem daquela maneira, o errado sou eu!
Quanto à diarreia verbal.... eh eh eh, basta ouvir os treinadores, os dirigentes e os jogadores de futebol.... é uma tourada! Não sabem falar e cometem TODOS o mesmo erro... palavras do tipo : consigamos = consigamos... eh eh eh, é só rir, os gajos dizem as maiores alarvidades com o ar mais sério deste mundo. E a expressão facial quando botam faladura em frente ao microfone? Parecem cientistas.... "O Mister (mister não é Senhor em inglês?) pedíu-nos carácter (?) e frontalidade (?), vamos jogar o jogo pelo jogo (?)...." ahahahahahah.... reguada, reguada, reguada!
Pensando melhor, reguada não, tiros, rajada de tiro neles! É a única forma. Deu erro? Pum... já foste! Penso que será a única forma de voltarmos ao bom português, falado e escrito. Tratamento de choque e não me venham com lamechices do tipo ser preciso ter paciência, que as pessoas coitadas não tiveram hipótese de ir à escola.... não tiveram uma pôrra, eles íam só que não entravam nas salas de aula, ficavam era no recreio a jogar à bola que eu bem os via quando saía com mais um galo na cabeça da reguada que a bruxa me tinha dado! Andei lá 4 anos e sobrevivi, massacrado mas sobrevivi! Das duas uma, ou voltam à escola primária (e a Srª Dª Elisa ainda deve andar por aí para as curvas) ou então quando errarem.... pum pum! Diz lá, diz lá, o que é que disseste, ou melhor, comé quié?

domingo, 9 de agosto de 2009

O merda!

Cheguei à conclusão que - na vida, é fundamental não ser fundamentalista! Ser fundamentalista atrapalha! Atrapalha o raciocínio de quem é fundamentalista, atrapalhando assim a lógica de quem não o é!
O fundamentalista é por norma um ser sabichão que defende intransigentemente as suas verdades, pretendendo impô-las aos outros seres menos - vamos dizer assim, esclarecidos. E fazem tudo para que isso aconteça. Mostram veementemente espanto e incredulidade por não nos revermos nas suas verdades. Está claro que aquando da troca de ideias nós - os menos esclarecidos, tentamos (a medo) explicar porque é que não estamos na mesma onda, mas meus caros.... essa tarefa torna-se impossível. O tom da conversa vai subindo, o interlocutor vai ficando cada vez mais vermelho, dos graves passamos para os agudos, os gestos das mãos vão-se tornando um pouco ameaçadores parecendo-nos que o fundamentalista vai ter um AVC, o diálogo (?) confirma-se em monólogo e de repente nós - os menos esclarecidos, passamos de gajos interessantes no início da conversa, para umas bestas, ou melhor dizendo, uns merdas!
No meio da gritaria e de alguns vexames que vamos sofrendo durante o monólogo, nós os merdas, a medo, pedimos então as bases de sustentação das verdades inovadoras que nos apresentam. Somos mesmo uns merdas... então não se está mesmo a ver? Está à vista de todos menos da nossa! Começam os fundamentalistas então a debitar as verdades que nós lemos nas parangonas dos jornais e nos prefácios dos livros. Verificamos que a notícia não foi lida e os livros muito menos. Mas somos uns merdas....é inacreditável ainda pensarmos como pensamos ou ainda defendermos as nossas ideias como defendemos. Não interessa onde fomos buscá-las, não interessa qual o conhecimento que as sustenta, no que respeita à lógica e à razão então.... só existe a do fundamentalista, porque nós.... nós somos uns merdas!
O fundamentalista é de facto um terrorista. Não o terrorista das barras de dinamite na cintura mas um tão ou mais pior, o terrorista verbal! Verbaliza de igual modo à maioria. Segue as tendências. Sabe tudo mas não sustenta nada. É um carneiro que vai atrás atrás do pastorinho só porque o pastorinho manda e os outros carneirinhos também vão.
Para mim o fundamentalista é um cobarde. Tem medo do conhecimento e da inovação. Tem medo de questionar. Tem medo de si próprio. O raciocínio está tão rotinado naquelas ideias pré-concebidas que contrariá-las é para si próprio um acto suicida. Se todos pensam assim, se a maioria está comigo porque é que devo pensar de modo diferente?
O que devemos nós os merdas então fazer quando nos deparamos com este espécimen? Aconselho concordarem com tudo o que ouvem! Isso mesmo, concordem. Digam que sim a tudo, evitem o combate de ideias. E se de repente o fundamentalista se aperceber que estão a concordar por concordar e que afinal são mesmo uns merdas... aceitem! Digam que sim, vocês são uns merdas! Ele tem razão. Sorriam e afirmem, tens razão sou um merda! Depois saiam, vão à vossa vida e peçam para na próxima encontrarem outro "merda" como vocês. Acreditem, eles existem, são muitos e - felizmente, estão a ganhar terreno!




agora, um conselho aos fundamentalistas: Vão ao fundo da questão, por vezes até a mais pura das verdades pode ser enganosa!


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tá meio devagar!

É isso mesmo. Este mês o blog tá meio devagar mesmo. O trabalho aumentou e não dá para escrever nada com tempo. Imagino que dentro de 1 semana a coisa já começará a voltar ao normal.
Nos entretantos vou colocando algo para vos arrancar um sorriso. Para já, esse bem que poderia levar o meu voto para deputado. Tem cara de gente boa e tem um humor fantástico, ao contrário dos trombudos do costume que por cá proliferam.




Pausa para recuperar..... vamos lá de novo:

quinta-feira, 16 de julho de 2009

É preciso sorte!

Estava aqui a pensar no nosso país (fruto do post anterior) e dei comigo a chegar à conclusão que até para se nascer é preciso ter sorte!
Porque há países que são assolados por todo o tipo de tragédias. São aqueles países de que só ouvimos falar quando algo de realmente grave aconteceu. E nestes países acontece tudo o que de realmente grave pode acontecer. Quando pensamos nos naturais destes países vêm sempre à mente pessoas pobres, a roçar o miserável, sujas, tristes de semblante, com ar de perseguidas, com jeitos de esquecidas!
São países onde acontecem os terramotos, as enchentes, os furacões, onde os vizinhos estão sempre a querer invadir, a querer proceder à limpeza étnica, a querer perseguir os que já nada têm ou alguma vez tiveram.
São países dos quais sabemos muito pouco excepto que, aquando das tragédias, as mortes são aos milhares, os desalojados idem. Aliás, às vezes parece que os habitantes destes países vivem mais em campos de refugiados do que nas suas próprias cidades. Parece-nos a todos que são países que sobrevivem à custa da ajuda humanitária.
São países dos quais não nos lembramos, que no fundo completamente desconhecemos porque - dizemos, de tragédias está o mundo farto. Na verdade, são países que o mundo esquece e não quer lembrar. Pergunto-me até se nestes países existem muitos cidadãos a querer renegar a nacionalidade?

Falo-vos - apenas como exemplo, do Bangladesh, do Curdistão, do Cambodja, da Arménia... arménia de Calouste Gulbenkian, por exemplo, que escolheu Portugal para fixar a sua fundação (o que será que esta fundação faz hoje por estes países?). A realidade é que são países como o nosso, com pessoas como as nossas, com cientistas, poetas, escritores, médicos, engenheiros..... são países com pessoas normais que apenas têm a pouca sorte de a natureza e os vizinhos marrarem sistemáticamente com eles. Mas, são países que merecem ser lembrados, que têm pessoas com os mesmos direitos que nós, quanto mais não seja o direito de por 5 minutos invadirem-me os pensamentos.

Hoje dou-lhes os meus 5 minutos! A música é da Arménia. Lévon Minassian (arménio) toca o doudouk, um instrumento tradicional do seu país. Este músico é uma das provas de que estes países também têm virtuosos iguais aos nossos. Neste caso, o génio toca a dor. Não sei se a dor das tragédias que continuamente lhes batem à porta, ou se a dor de serem esquecidos por nós.
Vá, fechem os olhos e ouçam. São só 5 minutos. E nesses minutos pensem nestas gentes. Assim como se fizessem um afago na consciência. E depois digam-me..... não é preciso sorte até para se nascer?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pois que vão!

Tudo começou pela múmia paralítica. Foi-se embora a maldizer o país e os portugueses em geral. Que era um incompreendido e tal, que eram todos uns ignorantes e que os espanhóis lhe saberiam reconhecer a superior sapiência! Óbviamente que os espanhóis lhe reconheceram o que ele queria mas fizeram-lhe um manguito à portuguesa quando ele propôs uma fundação. Mas Portugal - como não é de rancores, decídiu oferecer-lhe uma casita (a dos bicos) para sua excelência fazer encontros com os amigalhaços que são tão brutos quanto ele.
A seguir vem a maluquinha de Belgais. Depois de receber subsídios do Estado para ainda não sei bem o que era aquilo e levar a coisa à falência, decídiu - quando lhe disseram que não havia mais subsídios para ninguém, abandonar o país, dizer mal de tudo e todos, que também era uma incompreendida, que o país não a merecia, e foi instalar-se por terras de Vera Cruz. Mais ainda, este espécimen pretende agora adquirir a dupla nacionalidade!
Agora vem o cientista-mor, o arauto do rigor e da verdade, o escritor com substância, o argumentatista de séries da TVI, o pseudo-jornalista que não escreve nada de jeito, dizer que de facto isto não presta, Portugal é uma treta e que pretende ir fazer companhia à maluquinha de Belgais em terras de Vera Cruz.
Verifico com espanto o alarde que estes senhores fazem antes de partir. Anunciam, ou melhor, gritam a partida antes de a efectuarem. Como que a dizer.... vejam lá. Olhem que eu vou-me embora!.... e nós, ignorantes ficamos a choramingar, pensam eles!
Ou seja, contrariamente a um vulgar emigrante que sai de Portugal para tentar ganhar a vida honestamente e fazer um pé de meia para - tanto quanto antes, poder voltar à santa terrinha, estes vão embora a renegar a sua nacionalidade. Não se vão simplesmente embora. Não! Vão, mas dizem que o que os leva a sair é a vergonha que sentem de serem portugueses e gritam alarvidades sobre Portugal! Como se o país não os merecesse, os tratasse mal e assim verem-se obrigados a ir procurar outras terras para pastarem!
Não tenho nada contra quem quer procurar melhor qualidade de vida noutros países. É legítimo e um direito que a todos assiste. Agora, o que não lhes assiste é renegar a nacionalidade e falar mal do País onde "sempre" comeram à mesa do Estado, contrariamente ao comum dos portugueses que tem de batalhar para sobreviver e não sabe o que é isso de fundações, subsídios ou televisões como amigalhaços. Estes animais entendem que Portugal tem de fazer por eles. Eles são especiais. São de outra casta! Mas agora (como disse o outro) o que eles podem fazer por Portugal.... bem, isso já é outra história.
Todos nós criticamos o país. Criticamos numa base construtiva, acreditando que se pode fazer melhor. Por vezes até comparamos Portugal com outros países e dizemos "que pena.... lá fora eles fazem assim e assado".... é uma crítica com Portugal no coração. Queremos o melhor para o nosso país e para as suas gentes. Mas permanecemos cá. Fazemos as coisas acontecerem aqui! Ou então - quando saímos, vamos logo com saudades e com a esperança de rapidamente voltar. Porque é o nosso país. Pertence-nos e renegá-lo, para além de ser estúpido e covarde, é perder a nossa identidade! Eu acredito em Portugal. Acredito que tem o melhor povo do mundo. O mais capaz. E agora que estes se vão, ainda acredito mais!
Assim, eu digo: Pois que vão e não voltem!
E a todos aqueles que pretenderem vir para o nosso país, pretos, amarelos, brancos e às bolinhas.... pois que venham! E sejam bem vindos! Sintam-se orgulhosos de viver num país de heróis do mar. E de nobre povo!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Olé!


Agora sim. Aquilo que já todos os aficionados sabiam foi agora assumido publicamente pelo governo. A Assembleia da Republica é uma Tourada! Olé!
O agora ex-Ministro da Economia (Manuel Pinho) não economizou nos gestos e pretendeu dar alternativa ao matador Bernardino Soares. No meio de um caloroso e elucidativo debate sobre o Estado da Nação, Manuel Pinho enviou um recado ao líder da bancada do PCP:
- Pá, bora aí lidar?
- Quê??
- Bora aí lídar?
- Eh pá, nã percebo....
- Cornos pá, cornos, bora aí?
Os matadores das outras bancadas levaram a mal o convite ser extensivo apenas a um, e mostraram o seu descontentamento a toda a praça. Foi o borburinho geral que acalmou apenas quando o apoderado-mor botou faladura logo após recolha do ministro aos curros.
- De facto não pode ser, ou bem que se convidam todos os matadores ou não há corrida para ninguém. Pedimos desculpa, mas este ministro vinha sofrendo da doença das vacas loucas há já algum tempo. O ministro recolheu aos curros e já se deu ordem para o abater.
A praça então acalmou mas não houve saída em ombros para ninguém. Ficou-se a saber que a Nação - como se previa, vai muito bem e que o matador das finanças vai acumular a quadrilha da economia. O primeiro acto deste matador vai ser a ingestão de farinha Maizena antes da primeira lide!
Entretanto, vá-se lá saber como, o matador Manuel Pinho escapou do abate e parece que vai fugir para praias espanholas para banhos que - afirma, serem merecidos. Quem não o deixa escapar é o Sul-Africano. Pretende contratá-lo para administrador da sua quadrilha. Afirma do alto da sua inteligência que o matador ainda tem muito para oferecer a Portugal.
Mas a corrida ainda reservava mais algumas surpresas. O Rangel pedíu ao Director da Corrida se podia colocar - excepcionalmente, mais um par de bandarilhas. O Director acedeu. O Rangel em vez de colocar as bandarilhas põe-se a dar saltinhos estúpidos no meio da praça. O Director incita-o a colocar rapidamente as bandarilhas que pedíu. Rangel disse que sim, mas que antes necessitava de realizar este ritual. O Director disse-lhe que não. Ou colocava as bandarilhas ou saía da arena. O Rangel disse :
- Mas eu estou a preparar-me para o que lhe pedi.
- Não está!
- Estou!
- Não está!
- Estou!
- Não estás parvalhão!
- Cornudo!
- É o teu pai! Sai já daí!
Dado o sucesso desta corrida os promotores garantem a continuidade da mesma. Assim, temos garantidas futuras corridas na mesma praça, embora estejam ainda por confirmar os cartéis. Sabemos no entanto que já foi endereçado convite aos matadores do BE para constituirem Grupo de Forcados para abrilhantar ainda mais as futuras touradas. Louçã declinou informando que só lhes seria possível fazer pegas de cernelha uma vez que não têm ainda o numero necessário de forcados em praça para fazerem uma pega de caras. As restantes quadrilhas chamaram-nos de maricas e os Verdes vão assumir a constituição do grupo.
Está assim para durar a Tourada portuguesa. Olé!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Quem é? É God!


Não tenho nada contra. Nem a favor. Simplesmente os miúdos têm horários. E não dá. Não dá para ficar à conversa no hall da entrada.

Tocam à porta. Os metralhas correm para abrir. Eles sabem que estão proibidos de abrir a porta, mas mesmo assim...correm! Correm como se percebessem que do lado de lá está um palhaço para os animar e para distribuir gomas. Ficam exaltados à porta enquanto pergunto "quem é?", saltitam ansiosamente, perguntam-me quem é, riem de nervoso. Não percebo. Mas está bem!
- Deixem-me abrir a porta senão não consigo dizer quem é....
Abro a porta. Não era o palhaço que eles concerteza pensavam. Eram dois. Dois imberbes de camisa branca, gravata preta, calças pretas, crachat com nome estrangeiro, uma espécie de sacola a tiracolo.
- ???
- Oulá! quéríamos fálar com o dono dá cása.
- Sou eu!
- Oulá. Nós encontrar Deus. Quéremos trázer Deus à está fámilia!
Pronto. Estou lixado. Os putos riem-se desalmadamente. Os palhacitos esboçam um sorriso. Só me faltava esta, dois mormons que encontraram Deus e agora querem trazê-lo para dentro de casa.
- Meninos, vão lá para dentro!
- Porquê pai?
- Porque sim! Preciso falar com estes senhores. (preciso corrê-los à biqueirada e não quero que vocês vejam).
Os miúdos fazem que vão mas não vão. As risadinhas continuam.
- Oh meus amigos. Pronto, encontraram Deus e tal, eh pá ainda bem, melhor assim. Fico muito satisfeito. Mas o pessoal aqui em casa não é muito dado a essas coisas! Portanto, foi muito agradável sim senhor, apareçam sempre (nunca) mas agora está na hora de deitar as crianças.
- Sim, más á fámilia é umá coisa muito bónita. E Deus.....
- Pois, eu sei, mas o que é que querem, esta malta tem horários!
- Más á fámilia....
- A familia vai dormir. Sleep, understand? Very tired!
- Ahhhh... speak english. Good. You see, we found God in our lives and....
- ehhhhhh..... calma aí.....não sabes o que quer dizer sleep? As children têm de sleepar.... estão cansaditos dos ossos.
- Beautiful children by the way. They are God on earth.
- Pois pá, até pode ser, mas estes aqui são mais para o Diabo. God só quando estão a dormir. E é por isso que os quero ir deitar, para ver se ficam com God e os angels. Mas vocês não me estão a deixar....
- E wife? Estar em casa?
- Eh pá, preferes falar com ela? É que é para já..... Oh wife! Chega aqui à door se fazes o please!
- Quem é?
- São dois senhores que vieram especialmente para falar contigo.
- Senhora falar inglês?
- Fala, fala, ui se fala. Podes falar com a minha wife que eu vou deitar os children!
- Espera, nós fálar com fámilia sim?
- Mau.... oh meus amigos, eu não quero ser chato, mas se continuarem a insistir vão encontrar o capeta... ah vão! Vamos lá ver se nos entendemos. Estão a ver os children? Têm de dormir. Sleep! Agora. Now!
- Nós trazer revistas com pálávra de Deus.
- Ahhh.... queres que te compre uma revista? How much?
- Não precisa pagar. Ser free.
- Oh grande amigo, se é free deixa aí 3 ou 4 que a malta vai ler. Eu prometo. Promise, ok?
- Ok. Saber se vizinho em frente estar em casa?
- Eh pá, está de certezinha absoluta. Toca aí à vontade e passa-lhe a palavra. Passa-lhe que ele precisa. Ele andar crazy. Chegar muito tarde à noite e bater com as doors. Acorda-me as children e tudo. Parece que tem satanás no body. Vai lá e insiste. Sabes que estas coisas é preciso insistir. E olha, não tem children para sleep. Podes conversar bastante com ele. Ok? Olha, até é um favor que fazes aqui à familia. Pode ser?
- Sim, nós falar com vizinho. E voltar outro dia para falar com mais calma.
- Isso. Vá, goodbye que eu goodfico ok? Se ele não atender, toca-lhe bastante à bell que ele acaba por abrir....Good? Vá, inté!
- Nós vai voltar outro dia sim?
- Sim, sim, quando quiserem. É só tocar à porta que a malta abre!
Fecho a porta, os putos ainda riem e perguntam quem eram aqueles dois e o que queriam. Digo-lhes quem eram e mando-os deitarem-se. Perguntam-me porque é que falavam daquela maneira? Digo-lhes que eram mórmons. Perguntam-me o que é isso? Digo-lhes que me enganei, não eram mórmons, palavra que eu tinha inventado, eles eram sobrinhos do vizinho em frente que tinham chegado dos USA e se tinham enganado na porta. Perguntam-me porque é que ficaram à porta e não entraram?
- Porque não traziam gomas!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Don't Worry!

Afinal está tudo bem!

Luis Felipe Vieira abre os telejornais a dizer que se candidata. Jorge Jesus assinou pelo Benfica deixando para trás os problemas com o BPP. Ronaldo vai ganhar milhões e diverte-se (?) com uma anormalóide americana. Jogadores portugueses (praticamente todos, iniciados inclusivé) comentam a transferência do madeirense nas televisões. Quaresma tem nova oportunidade no Inter e a comunidade cigana aplaude. Miguel Veloso tem novo penteado. Paulo Bento continua com muita "tranquilidade". As eleições leoninas tiveram mais participação que as Europeias. Benfica vai a eleições e os candidatos já se degladiam. Moniz da TVI também quer ser candidato ao Benfica. Rui Costa desde que é Director faz caras estranhas e utiliza vocabulário parolo quando fala nas entrevistas. Pinto da Costa continua de pedra e cal e é "um grande senhor".... no reino da macacada futebolística está tudo bem!

Constâncio diz que são desumanos com ele. Vitalito afinal vai apoiar o Durão para mais 5 anos de presidência. Cavaco distribui condecorações como quem dá rifas a putos. Basílio tornou-se um entendido empresarial de repente. Loureiro não tem nada em nome dele, está tudo em off-shores. Valentim, Isaltino e Fatinha continuam como presidentes de Autarquia. Santana vai mesmo concorrer a Lisboa. Mário Lino continua a beber mais do que trabalha. Edite Estrela continua com o sorriso estúpido que lhe conhecemos. Rangel deus uns saltinhos imbecis a comemorar não sei exactamente o quê. Lurdinhas pedíu para a deixarem passar se fazem favor. Provedor de Justiça bazou. PGR anda numa de competir com a ASAE. Manelita agora ninguém a cala. Ministro do Ambiente continuamos todos sem saber quem é e o que faz. Cavaco nomeou mais uns génios para o aconselharem. PS diz que vai ser mais humilde. Portugal vai a eleições mas ninguém sabe quando.... na política de vão de escada está tudo bem!

Desemprego continua a disparar. Empresas continuam a falir. Banca continua a lucrar. EDP, GALP, Banco de Portugal apresentam lucros astronómicos. Gurus empresariais proliferam pelos media. Rendeiro apresenta plano (?) a clientes mas não é preso. Julgamento da Casa Pia ninguém sabe pôrra nenhuma. Empresa que fabrica o Magalhães é alvo de buscas. Sem abrigo proliferam pelas nossas cidades. Falta de vergonha sobrepõe-se à verdade. Falta de carácter sobrepõe-se à honra....em Portugal está tudo bem!

Estando tudo bem e antevendo-se que assim continuará, fico muito contente e já poderei ir de férias descansado. Bem, descansado verdadeiramente não irei, já que a partir de agora vamos ter de aguentar as festas do pessoal do croquete no Algarve, os namoros e os desencontros das morangas com os abacaxis, os programas da Maya em directo das praias, as reportagens sobre os locais onde os endinheirados passam as suas férias, as patuscadas no Gigi (isso lá é nome?), os jogos de futebol entre futebolistas e amigos, as Cinhas e respectiva quadrilha as mimarem-nos com o silicone, a feijoada da "Caras" oferecida aos sem abrigo do jet-set (?), enfim..... remédios para quem tem prisão de ventre!

Mas o que é que isso interessa? Está tudo bem em Portugal...! Ou não?

sábado, 13 de junho de 2009

A Crise

Difícil entender essa crise, não? Ou... como tudo começou? Fica o esclarecimento!


Deu para entender? Não? Hummm.... então tente com esse :


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Condições de Trabalho

Trabalhar por obrigação! Nem todas as pessoas, felizmente, trabalham por obrigação. A obrigação é proporcional à falta de condições que se encontra no local de trabalho. Junte-se a falta de condições ao mau ambiente e temos os ingredientes certos para se trabalhar por obrigação!
Há quem trabalhe a fazer aquilo que gosta. São poucos mas há. No entanto, a falta de uma chefia capaz, por exemplo, deita por terra o prazer de trabalhar. Tendo em linha de conta que - em Portugal, tendencialmente a chefia é autoritária e medíocre - até porque qualquer merda chega a chefe, chegamos rapidamente à conclusão que - salvo raras excepções, ou o trabalhador tem alguém que o proteja ou está entalado. Mais ainda, quanto maior a competência do trabalhador maior perigo representa para o medíocre do chefe, logo, passa a ser um alvo a abater.
O "chefe animal" tem várias formas de exercer "pressão". O não reconhecimento da competência e do mérito é uma delas.
A exigência de trabalho fora de horas - não remunerado, contráriamente ao que dita a lei, é outra. E normalmente esta exigência é feita pelo animalóide com um aviso esclarecedor... " a empresa conta consigo. Seria bom não nos deixar na mão!"
O tratar de assuntos pessoais do "chefe animal", prejudicando na maioria dos casos a empresa, sem qualquer explicação, como se de uma obrigação urgente e profissional se tratasse é, infelizmente, habitual!
A apropriação de ideias e boas iniciativas do trabalhador, sem qualquer referência ao mentor das mesmas, é um dos hobbies preferidos da besta.
A não partilha de informação de forma a que o trabalhador seja obrigado a recorrer ao "iluminado" é prática corrente.
A gritaria e o despropério de forma a intimidar o trabalhador é a maneira que a besta encontra para esconder a sua total falta de liderança.
O sindicalismo é visto pela besta como uma ameaça a abater. Se é sindicalizado tem uma trupe de amigos prejudiciais à empresa - como se de um gang se tratasse.
O trabalhor português é nitidamente reconhecido como excelente profissional fora do nosso país. O trabalhor luso apresenta altos índices de produtividade lá fora. Então porque não em Portugal? Por causa da chefia intermédia. Esta é autoritária, incompetente, medíocre e amancebada com alguns quadros superiores também eles de qualidade duvidosa. Protejem-se mutuamente. E quem se lixa é o mexilhão! Estes dois complementam-se e são geralmente subservientes à sua Administração.
Esperemos que a nova geração de liderança consiga inverter este estado de coisas e envie via expresso estes animais para o desemprego de forma a darmos oportunidade à competência, mérito, criatividade e espírito de iniciativa Seria bom deixarmos de ter uma cultura de "patrões e chefes" para passarmos a ter uma cultura de "empresários e gestores"
Há quem diga que estas são ideias de esquerda reacionária. Não sei se são. Eu próprio faço parte de um conselho de Administração e jamais tratei os meus colegas de trabalho de forma diferente à que gosto que eles me tratem. Na empresa somos iguais embora com responsabilidades diferentes. Se isso é ser de esquerda reacionária... so be it!
Veja-se o exemplo abaixo, onde a total falta de condições leva um trabalhador a manifestar-se. Aborda alguns aspectos que referi atrás. Ainda por cima numa profissão difícil. A coisa é tão grave que este trabalhador equaciona abandonar a profissão. Embora eu receie que não se vislumbre qualquer hipótese de ser ouvido/reconhecido pela sua chefia, aqui fica o testemunho.


terça-feira, 9 de junho de 2009

Free at Last - Sonhar é bom

Falo de filhos penso logo em sonhos. Nem sei porquê, mas quando os vejo a dormir sou logo invadido por uma curiosidade atroz....

- O que será que estão a sonhar? Será que sonham que estão a brincar ou estão a ter um pesadelo com o último berro que lhes dei? Maldita a hora que lhes dei o berro! Devem estar a ter um pesadelo com o berro e com a cara desfigurada que fiz para tentar parecer mau.... caramba, sou assaltado por remorsos. Dá vontade de os acordar e dizer-lhes... - Olá, o papá estava a brincar. Olha eu aqui a sorrir.... vês os meus dentes, vês? Sou eu a sorrir para ti! Pronto, agora dorme e sonha com o meu sorriso.
É de loucos não é? Pois é, mas o que querem... eles são uns anjinhos....e as crianças não devem ter pesadelos. Interfere com o crescimento!

Brincadeiras à parte, os sonhos às vezes funcionam como a última esperança de que tudo, afinal, vai correr bem. Nos sonhos tudo parece ser possível. Deve ser por isso que muitas vezes sonho acordado. Há quem diga que fico meio aparvalhado, mas isso é porque não sabem que sonho acordado. Sonhar acordado significa que temos consciência que o sonho é mentira, aquilo que sonhamos não existe. Mas sabe tão bem! E não paga imposto!

Quem não tem sonhos? E quem nunca sonhou acordado? Sonhar é bom, por isso é que dizemos... - Olha, isso nem sonhos!, ou então quando o adolescente fixa o olhar numa rapariga e ela: - Vai sonhando filho, vai sonhando!

Vem isto dos sonhos a propósito de um sonho (a dormir) que tive numa destas noites.

Sonhei que estava a ser atendido por uma funcionária pública sorridente, num local limpo e arejado, sem filas, com vários guichets de atendimento. A funcionária sabia exactamente a documentação necessária para tratar do meu assunto, entrou no computador, cruzou todos os meus dados, imprimíu, deu-me a assinar um único papel e ... vapt vupt, assunto tratado! E ainda me disse quando me levantei para sair: - Tenha um óptimo dia!

Dali apanhei um táxi. Os táxis estavam todos em fila, os taxistas tinham um crachat indentificando-os, vestiam uma farda própria de taxista. O taxista do carro onde eu ía entrar (viatura lavada e limpa por dentro) saíu para me abrir a porta dizendo : - Seja bem vindo!, quando entrei - após lhe dizer o destino, perguntou-me se desejava conversar. Disse-lhe que sim. Começámos então uma conversa sobre os variados assuntos. Não se falou de futebol, nem de assaltos, nem de crise. Falou-se de história, de família, da vida, dos filhos, de tudo um pouco. Foi interessante cruzar as minhas vivências com as deste homem. Ao chegarmos paguei-lhe e deu-me o troco acompanhado de factura que - diga-se, não lhe pedi e disse-me : - Espero vir a ter a oportunidade de o rever!

Saí do táxi e entrei na Pastelaria. Fui recebido com um - Muito bom dia!, pelo funcionário do balcão. Perguntou-me o que ía desejar. Pedi-lhe um sumol de ananás e uma sandes de fiambre. Disse-me que sim, no entanto perguntou-me se podia fazer uma sugestão. Acedi.
- Tenho hoje um sandwich quente, de pão caseiro com fiambre de peru, 1 folha de alface (mais do que uma - acredite, estraga) e um pouco de mostarda. Experimente, se não gostar farei então a sandwich que me pedíu!
Pedi-lhe para me trazer a tal sandwich. Trouxe-me o sumol que pedi (era de ananás) e experimentei a célebre sandwich.... fabulosa!
Agardeci a sugestão, sorríu-me e trouxe-me o café 5 segundos mais tarde. Quando saí lançou-me um desafio : - Quando tiver o prazer de o rever vou fazer-lhe outra sandwich diferente. Vai ficar de água na boca por isso volte depressa!
Subi para minha casa, cruzei-me com vários vizinhos que me sorriram e me cumprimentaram, perguntaram pela família, seguraram na porta do elevador à espera que eu entrasse.
Ao entrar em casa fui directo na sala e liguei a televisão. Nada de Manuela Moura Guedes, Goucha, Maya... nada, só jornalistas licenciados e com experiência comprovada. Todo sorridente dirijo-me ao quarto, luzes apagadas, dois passos à frente e.... toma vai buscar! Dou com o testame na porta entreaberta. Dor do caraças, mas finalmente acordo! A dor passou. Era sonho.
Levanto-me para ir buscar um copo de água. Os vizinhos discutem no andar de cima. Os palavrões proliferam. Vou à sala. Ligo a televisão. Programas de madrugada.... malucas vestidas de apresentadoras(?) em programas para doidos... desligo! Volto à cama. A minha mulher acorda. Pergunto : - Achas que se dermos um toque aos vizinhos eles páram a discussão? Resposta conclusiva : - Deves estar a sonhar!
Não , não estou a sonhar. Estou acordadinho na dura realidade. Volto a dormir. Sorrio e sonho. Há até quem tenha feito história porque sonhou. Sonhar é bom, não é?


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Aquarela

Não, não vou falar de eleições e resultados. Vou falar de coisas bem mais importantes. Apetece-me falar deles! Por nenhum motivo especial, ou apenas porque eles tornam tudo especial. Pode estar tudo negro que eles logo vêm e pintam tudo de cores alegres. Pintam a Aquarela.

Aquarela. Haja alguém que me explique porque os ligo a Aquarela. É uma palavra que lhes tenho intimamente ligada. É uma palavra fresca, limpa, pura. Como eles!

Eles por vezes são irritantes e outras são encantadores. São manhosos mas também também são inocentes. São controladores mas também são dependentes. São curiosos mas distraídos. Berram por tudo e por nada mas surpeendem-nos com sussurros melados quando menos esperamos. Choram por falta de argumentos e calam-nos com os seus sorrisos. Amuam, fazem beicinho mas são espontâneos na gargalhada. São teimosos, por vezes irredutíveis, mas um carinho consegue chamá-los à razão. Têm medo de tudo embora com tudo sejam impetuosos. Saltam, pulam, correm.... mas são de um sossego desarmante no colo. Não querem saber dos problemas mas anseiam pelas soluções. Querem sempre tudo mas contentam-se com pouco. Não sabem dizer "odeio-te" mas constantemente dizem "amo-te". Riem-se das coisas mais absurdas mas conseguem contagiar-nos com o riso. Adoram dizer "não quero" mas acedem facilmente ao "está bem". Por vezes ficam calados, mudos, sossegados, mas com um olhar dizem-nos mil palavras. Às vezes não os podemos ver à frente mas um segundo sem eles parece uma eternidade. Por causa deles deixamos de ter horários e por causa deles há horários para tudo. Não acreditam no óbvio mas acreditam em fadas. Receiam o escuro mas adoram as estrelas. Desconhecem os factos e viajam pela imaginação. Raramente são sérios mas constantemente brincalhões. Não conhecem ninguém, mas têm centenas de amigos. Dão pontapés mas são mestres nos beijos e abraços.

Falo dos meus filhos. E dos vossos. Na verdade, falo de nós. Porque sem eles, não somos!



sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sweet Moment

Musica? Design? Arquitectura? Fotografia? Bom gosto, talvez!


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Os Anormais

Quem anda na estrada é como quem vai ao mercado.

A variedade de anormais a circular nas nossas estradas é tanta que troca completamente as voltas aos fabricantes de automóveis e às empresas de estudos de mercado.

Quando se pensa em construir uma nova viatura, define-se o "target" ou seja, quem vai comprar a viatura. São reuniões e reuniões com designers, psicólogos, sociólogos, especialistas automóveis, marketeers, enfim, monta-se uma espécie de Circo Cardinali para decidir o que construir tendo em conta as tendências do mercado. Fazem-se os mais variados estudos para antecipar o sucesso da viatura. Tudo definido.... toca a construir!

Só que se esquecem de uma coisa. O condutor português! Aí meus amigos, não há estudo de mercado que nos valha. Os anormais são tão díspares que não encaixam em nenhum modelo pré-definido.

Alguns exemplos de anormais: uns com CDs pendurados no retrovisor, outros com lenços a cobrir os encostos de cabeça (é radical, dizem), outros ainda com coletes reflectores a "vestir" os bancos da frente, muitos com todo o histórico dos selos no pára-brisas (já vi um com mais de 10, servia como leitura na viagem para o passageiro), outros com os mais variados autocolantes na traseira da viatura (normalmente de locais onde nunca estiveram).

Mas tenho especial carinho por um tipo de anormal.
O anormal do tunning. A viatura normalmente já deveria ter ido para abate, mas o anormal entende que não. Tem uma cor que não vem em nenhum catálogo da Robialac, coloca-lhe um "aileron" que é um "aijesus", jantes de liga leve daquelas que levaram o designer a ser despedido, umas "saias" laterais para colar a viatura ao chão, ponteira de escape tirada de um caterpillar, um volante normalmente lilás (não percebo o fetiche destes anormais por esta cor). Normalmente este tipo de viatura faz um cagarim que ninguém aguenta. E o anormal pensa... se faz cagarim é porque é "racing" e anda rápido! ultrapassa-se o anormal com facilidade, olha-se para dentro da carroça e quem lá vai? Um anormal com boné de baseball enfiado na mona (virado ao contrário), t-shirt de mangas à cava, fio de ouro (normalmente roubado) no pescoço, anéis (muitos) nos dedos. E não viaja sózinho. Não. Vem acompanhado de pelo menos mais dois anormais. O da frente normalmente vai descalço com os pés no tablier ou fora da janela, o de trás sentado ao meio do banco, uma mão apoiada na pega de apoio da esquerda e a outra na da direita. Quem vem atrás dá a nítida sensação que este anormal é ginasta e tenta fazer o "Cristo" dentro do carro.

Estes anormais são como os políticos. Só servem para uma coisa: Porrada neles, yô tá-se bem! Por onde andam cagam tudo, cospem no chão, bebem como se fossem morrer amanhã, vivem do fundo de desemprego e do produto do roubo, são descendentes dos trópicos, falam com as mãos, não sabem o que é um cinto e andam com as calças a meio dos joelhos a mostrar as cuecas, andam sempre de ténis com os atacadores desapertados e têm uns amortecedores especiais no corpo que os faz andar de um jeito que parecem marionetas. As frases mais conhecidas são "yô, tá-se bem" e "isto é um assalto, passa pra cá o pilim". Quando não estão dentro da carroça andam a cagar as paredes com "arte urbana" ou a fazer assaltos. São os jovens coitadinhos de quem a sociedade se esqueceu, dizem eles!

Taditos, a pena que tenho destes anormais. Dava-lhes uma valente carga de porrada e passavam-lhes logo os yôs e os trejeitos. De cada vez que os apanhasse na ponte a fazerem corridas com os outros anormais empurrava-os com um Caterpilar para a berma para irem marinar lá embaixo. É o que digo: Porrada neles, muita porrada!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Porrada neles!

Repare... nessa matéria, tendo sentido de Estado e considerando o segredo de justiça, o que mais desejam os portugueses....blá blá blá

Mas estes anormais não levaram porrada quando eram pequenos? Porque este tipo de discurso é paradigmático de falta de porrada! E quando digo porrada falo mesmo em espancamento, à la idade média! Porrada, muita porrada! Esta cambada de políticos a quem os media insistem em dar tempo de antena, torturando-nos diariamente, são um atestado de mediocridade mental! E pior ainda, andam à solta. Vagueiam por feiras e mercados, fábricas e escolas, como quem faz uma pré-vistoria do que está mal, para depois apresentarem a sua solução. E nós, patêgos, acreditamos, julgam eles.
Ainda por cima, nestas andanças pelo nosso Portugalinho, fazem-se acompanhar de uma corte ainda mais desconhecida que o próprio candidato. Para que serve a corte? Sei lá! Para fazer número acho eu. Andam atrás do bimbo de mangas arregaçadas, sempre de sorrisinho parolo na tromba, dizem que sim a tudo o que o bimbo diz para os media, também cumprimentam a populaça e quando reparam que estão a ser filmados agarram logo no télélé para dar o ar de importantes, que estão a tratar de assuntos de Estado, ou então dão um grande e apertado abraço ao bimbo. Assim já podem dizer que são muito amigos e íntimos do animal. Ou então inventam uma graçola, como o estúpido que - quando uma velhota chamou ministra à Manelita, atirou logo:
- Não é ministra e ainda não é Primeira-Ministra! ah ah ah..... ouvíu sotôra?... não é ministra e ainda não é Primeira-Ministra... ah ah ah
Grande besta. Agora anda no barbeiro lá da terra a perguntar se ouviram a piada que ele disse quando lá foi o bimbo de quem é muito amigo. Porrada nele! Este merecia ser atirado para a masmorra, grilhetas nas mãos e pés e ser obrigado a ver tempos de antena desde 74 ininterruptamente, e de vez em quando, porrada, porrada no animal!
Depois há o outro que quando repara que está no ângulo da filmagem finge que não está interessado e procura desesperadamente alguém para dar um abraço, falar e gesticular, gesticular muito. Sempre são assuntos importantes que se estão a tratar! Porrada, muita porrada neste animal também.
E o labrego que está bem atrás do bimbo quando este é entrevistado e sorri quando lhe atiram uma pergunta mais inconveniente. Como quem diz: - Ah, olha esta, vais ver a resposta que vais levar!
Porrada neste parolo. Porrada até ficar todo negro! À próxima já não sais à rua.
Porrada nestes gajos, eis a solução! Vamos voltar ao bons velhos tempos em que realmente o Estado se preocupava com a população e promovia uns encontros lúdicos ali no Terreiro do Paço. Só que desta vez poupava-se os desgraçados que foram perseguidos por questões religiosas e "aqueciam-se" estes animais com o acordo geral dos cidadãos. Mas atenção, antes de se ligar o isqueiro.. porrada neles. Sem porrada a malta não fica satisfeita. Arranjavam-se logo patrocinadores.... Churrascão Brasil, Camping Gaz, ou ainda Bephantene (creme queimaduras)... eh eh eh, estou mais para o sádico hoje!
Na verdade, estou a ficar preocupado comigo. Eu que até sou anti-violência, só me apetece ir aos fagotes a estes bimbos. Mas acho que não tem problema, afinal sempre é em legítima defesa. Logo, não é condenável. Porrada, porrada neles!
Vou até criar um movimento a defender a porrada nestes gajos todos. Slogan : Chega de conversa fiada, vamos resolver na Porrada!


Ainda estão com dúvidas? Então vejam o video e depois inscrevam-se aqui mesmo. Os primeiros a inscreverem-se têm direito a marretas forradas a urânio enriquecido!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Comício na Gália

toc toc toc...
- Simmmmm?
- Qual sim qual quê, abra mas é os portões! Sou uma pessoa muito importante. Não posso perder tempo.
- Quem é?
- Vital Moreira!
- E eu sou o Capuchinho Vermelho.
- Insolente...se espreitares pela porta vais ver quem sou!
- Olha, olha....és mesmo tu Vital? Então o que é que queres? Levar na tromba?
- Venho para fazer um comício e para jantar...vocês convidaram-me... já se esqueceram?
- ????... espera aí que eu já venho...
O gaulês foi a correr ter com Astérix e conta-lhe o que se passa...
- Ai é? O Vital está à porta?... vem para fazer um comício e para jantar?...manda o gajo entrar e leva-o para a casa do nosso chefe...
O gaulês vai buscar o Vital à porta e leva-o à casa do chefe da aldeia.
- Boa noite... mas que raio de maneira de me receberem...
- Boa noite oh Vitalito... sou o chefe desta aldeia... o que te traz aqui? Queres levar na tromba?
- Vocês convidaram-me para fazer um comício e para jantar!
- Con... con.... convidámos o quê? Ah ah ah.......
- Para fazer um comício e para jantar já disse!
- Este gajo quer levar na tromba!
- Calma Obelix, deixa o gajo falar....
- Recebi este convite por correio.... a morada é da vossa aldeia... “Agradecemos a sua digníssima presença nesta aldeia o quanto antes para esclarecimentos sobre as eleições europeias. E aproveita e janta connosco!”…recebi ontem mesmo por correio.
- Correio? Astérix sai da frente. Agora vais levar na tromba....
- Calma Obelix, calma, deixa-nos falar com ele. Olha lá oh Vitalito, não sabes que nós não usamos correio? Então vais concorrer às eleições e não sabes o que por aqui se passa?
- Vocês não usam correio?
- Correio? Oh Vitalito, desde que inventaste o imposto europeu que só há dinheiro para a mensagem voadora.
- Mensagem voadora?
- Vamos ao bosque, apanhamos um irmãozinho dos teus, metemos-lhe a carta no colarinho, apontamos na direcção da cidade para onde endereçamos a carta.... PAFT! Chega lá num instante!
- Meus amigos já temos... olááá... quem é este?
- Druida ainda bem que chegaste. Este é o Vitalito.
- Vitalito? O que faz aqui?... vem para levar na tromba?
- Não. Vem para fazer um comício e para jantar... alguém lhe pregou uma partida!
- Esta coisa de estarem sempre a dizer que me querem dar na tromba já começa a chatear!!!
- Não fiques assim.... a malta tem este hábito o que é queres?
- Então não me convidaram é isso? Já não se faz comício?
- Calma, não te convidámos mas vais ficar para jantar. Senão ainda vais dizer que a malta trata mal os convidados.... agora, quanto ao comício esquece, a não ser que queiras levar na tromba!
- É uma pena. Tenho tanto a dizer. Olhem que vocês iam gostar. Dou beijinhos e tudo. Uma canetinha para um, um boné para outro….
- Tu é que sabes! O Obélix já te está a olhar de esguelha. Se quiseres arriscar…
A aldeia dirige-se para a mesa, farta de javalis e outros afins.....todos comentam a razão de Vitalito se encontrar ali e todos chegam à mesma conclusão... quer levar na tromba!
- Vitalito, vai uma musiquinha?
- PAFT!
- Mas Astérix... então também bates nos teus??????
- Não... este pede-nos para o pormos a dormir porque tem insónias e a senha é “vai uma musiquinha?”
- Bom... não consigo comer mais nada. Come-se muito bem aqui na Gália. Gostava de vos agradecer. Posso falar à aldeia, só para agradecer?
- Podes, mas não arrisques….
- Atenção, atenção! Meus queridos gauleses, quero-vos agradecer o amável convite que me fizeram para jantar convosco. Senti-me entre família. Esta grande família europeia, pertença também à familía do PS qu……
- PAFT!
- ah ah ah… mais um a levar na tromba! Boa Obélix. Olha, deu tempo de lhe meteres a carta para o Sócrates no colarinho?
- Deu. O convite para o comício e para o jantar é para a próxima 3ª Feira.
- eh eh eh…. ao tempo que não me divertia tanto! Estes gajos ouvem falar em comício põem-se logo a caminho. O bom é que há candidatos para todas as semanas! Só não percebo porque é que lá na terra deles ainda não inventaram esta brincadeira! eh eh eh….

terça-feira, 26 de maio de 2009

Yes Boss!

Olha-se em volta e vê-se. Elas são competentes, muitas vezes mais competentes que nós homens. São persistentes, quando nós já desistimos. São optimistas, quando nós já desmotivámos. São audazes, quando nós receamos. São as mulheres do nosso tempo. Vocês não adoram a mudança dos tempos? Não é simplesmente fantástica a evolução das coisas? Por exemplo, não é surpreendente o papel da mulher na sociedade ter-se alterado tanto em tão pouco tempo? Coisas que damos como absolutamente normais hoje, eram absolutamente impossíveis há, digamos, uns 30 anos. E 30 anos não é nada! É um pequeno sopro no tempo. Foi ontem! É perfeitamente normal hoje a mulher ter opinião e ser ouvida, ser crítica e atendida, ser profissional e reconhecida.
Veja-se o papel da mulher da classe média/alta no casamento em Portugal há 20 anos atrás. A mulher essencialmente era mãe. Trabalhar, só com ordem expressa do marido e após avaliação severa, uma avaliação que ainda hoje serve de modelo à Delloitte nas auditorias ás Multinacionais. A mulher queria-se submissa, recatada, bem vestida e penteada, de preferência com bacharel em design de interiores na medida em que era mera figura decorativa em acontecimentos sociais. Era o tempo em que o cházinho com as amigas constituía o acontecimento de maior relevância nas suas vidas, a par, claro está, do nascimento da sua prole. A mulher, na verdade, queria-se aparvalhada.
O marido era o todo poderoso. Era o mestre de cerimónias no baile onde a sua mulher saltitava de acordo com as suas vontades. O maridão era o grande macho. Era o detentor de toda a verdade. Era uma verdade que o maridão, gentilmente, partilhava com a estúpida quando esta algumas vezes (poucas) fazia perguntas. A boa mulher era a submissa! Em casa e na cama. Era o "Yes Boss" sem contemplações. Faz e cala-te. E quando não o era.... catrapum, o macho do alto da sua sapiência utilizava o seu maior argumento e desatava à estalada. Curiosamente - ainda hoje não percebo porquê, quanto mais apanhava mais a mulher gostava do animal. Coisas... Freud explicará certamente. Devia ser do chá... acredito que o chá ingerido fosse alucinogéneo. Tenho ouvido montes de casos nesses anos em que o marido apresentou o seu argumento maior, mas raras são as vezes em que tenha ouvido que a coisa tenha dado para o torto e o maridão tenha levado com um grande pontapé nas partes baixas e um valente abrolho cornos acima. A maioria das mulheres de hoje não se ficava e nós homens sabemos disso. Óbviamente que - apesar de continuarmos a ser uns grandes animais nalgumas coisas, essa já nos passou.
As mulheres, felizmente e para nosso bem, emanciparam-se. São iguais. Em muitos casos melhores. São parte activa na relação e não levam desaforo do maridão. Essa coisa do "sim mestre" acabou. Tens amante? Dá corda aos sapatos e andor.... levantas a mão? Levas com o candeeiro.... vais sair com os teus amigos? Faço festa aqui em casa com as amigas.... despedida de solteiro? Super despedida de solteira... eh eh eh, e por aí vai. "Yes Boss"? Só se aproveita a música porque a história está ultrapassada. Ainda vamos acabar em "sim mestra". Vai ser giro vai... desde que não me batam...


domingo, 24 de maio de 2009

O Click!

Ficar a falar sózinho. Já vos aconteceu? A mim inúmeras vezes. Chega alguém e faz-nos uma pergunta. Nós pensamos que a pessoa perguntou porque está realmente interessada na resposta. Respondemos e a meio da nossa resposta a pessoa começa a falar com outra, e nós...? Pois é, estranho não é?
Depois pensamos que o outro não reparou que estávamos a responder ou que não nos ouvíu e então repetimos a resposta, agora mais alto....nada! Engolimos em seco e calamo-nos.
Ou então a meio da nossa resposta a mesma pessoa interrompe-nos e faz outra pergunta completamente diferente do assunto inicial. Desta vez pensamos se vale mesmo a pena responder e iniciamos a resposta a medo... "bem, relativamente a isso eu acho..." zás! Interrompe de novo. E começa a debitar opiniões díspares, desta vez sobre a problemática do atum na alimentação portuguesa, e com algum sadismo pergunta-nos o que achamos... Vai-te catar, desta vez não ouves nem um pio!
Ou então a pessoa pergunta algo e nem aguarda a nossa resposta. Começa logo a dar a sua opinião sobre a pergunta que nos fez e vai dissertando sobre tudo e alguma coisa até cair em assuntos de ordem pessoal que - invariavelmente, não nos dizem nada e sobre os quais não temos qualquer opinião... nem queremos ter!
De facto existem pessoas com as quais é difícil falar. Diria mesmo impossível manter diálogo. Os monólogos são tudo o que a pessoa conhece. Talvez por delicadeza nos peça a opinião, no entanto estou quase certo que o faz apenas para ganhar fôlego para a próxima dissertação que poderá muito bem cair (se for uma mulher) nas dificuldades da sua gravidez (sempre caso único e candidato a "case study" da medicina) ou então (se for homem) algo sobre o seu emprego do qual não conhecemos nada.
Já para não falar daquelas pessoas que falam... falam... falam, o mundo a desabar ao lado delas e, blá blá blá.... não ouvem mais nada senão a própria voz!

Falo disto porque as pessoas parecem-me tão aparvalhadas pela televisão, novelas e afins, que acabam (parece-me) por deixar de saber conversar. Dantes, conversar era não só um acto social mas também partilha de experiências, interessantes, únicas! As pessoas acresciam sempre algo desconhecido às conversas, interessavam-se pelo interlocutor, queriam falar mas também ouvir. Acrescentava-se uma tigela de cerejas à mesa e a conversa irrompia por altas horas.
Hoje as pessoas apenas desejam ser ouvidas. Não me parece mal. Desde que o assunto seja interessante!

De qualquer modo, eu até tenho sorte. Tenho um botão na mente que activo nestas situações. Quando me aparece um espécimen deste calibre, click! O que acontece? O cérebro liga o cruise control e - de forma automática, de 3 em 3 segundos ora levanta-me uma sobrancelha, ora franze-me a testa, ou então inclina-me a cabeça para trás ou para a frente, esboça-me um sorriso... ou seja, passa para o "pica miolos" que eu estou muito interessado na conversa embora permaneça em absoluto silêncio. Enquanto isto acontece vou para a minha sala da musica mental e.... viajo! Selecciono uma musica e imagens e viajo. Aqui vai uma que liguei recentemente enquanto ouvia algo sobre ... olhem, já nem sei!