domingo, 24 de maio de 2009

O Click!

Ficar a falar sózinho. Já vos aconteceu? A mim inúmeras vezes. Chega alguém e faz-nos uma pergunta. Nós pensamos que a pessoa perguntou porque está realmente interessada na resposta. Respondemos e a meio da nossa resposta a pessoa começa a falar com outra, e nós...? Pois é, estranho não é?
Depois pensamos que o outro não reparou que estávamos a responder ou que não nos ouvíu e então repetimos a resposta, agora mais alto....nada! Engolimos em seco e calamo-nos.
Ou então a meio da nossa resposta a mesma pessoa interrompe-nos e faz outra pergunta completamente diferente do assunto inicial. Desta vez pensamos se vale mesmo a pena responder e iniciamos a resposta a medo... "bem, relativamente a isso eu acho..." zás! Interrompe de novo. E começa a debitar opiniões díspares, desta vez sobre a problemática do atum na alimentação portuguesa, e com algum sadismo pergunta-nos o que achamos... Vai-te catar, desta vez não ouves nem um pio!
Ou então a pessoa pergunta algo e nem aguarda a nossa resposta. Começa logo a dar a sua opinião sobre a pergunta que nos fez e vai dissertando sobre tudo e alguma coisa até cair em assuntos de ordem pessoal que - invariavelmente, não nos dizem nada e sobre os quais não temos qualquer opinião... nem queremos ter!
De facto existem pessoas com as quais é difícil falar. Diria mesmo impossível manter diálogo. Os monólogos são tudo o que a pessoa conhece. Talvez por delicadeza nos peça a opinião, no entanto estou quase certo que o faz apenas para ganhar fôlego para a próxima dissertação que poderá muito bem cair (se for uma mulher) nas dificuldades da sua gravidez (sempre caso único e candidato a "case study" da medicina) ou então (se for homem) algo sobre o seu emprego do qual não conhecemos nada.
Já para não falar daquelas pessoas que falam... falam... falam, o mundo a desabar ao lado delas e, blá blá blá.... não ouvem mais nada senão a própria voz!

Falo disto porque as pessoas parecem-me tão aparvalhadas pela televisão, novelas e afins, que acabam (parece-me) por deixar de saber conversar. Dantes, conversar era não só um acto social mas também partilha de experiências, interessantes, únicas! As pessoas acresciam sempre algo desconhecido às conversas, interessavam-se pelo interlocutor, queriam falar mas também ouvir. Acrescentava-se uma tigela de cerejas à mesa e a conversa irrompia por altas horas.
Hoje as pessoas apenas desejam ser ouvidas. Não me parece mal. Desde que o assunto seja interessante!

De qualquer modo, eu até tenho sorte. Tenho um botão na mente que activo nestas situações. Quando me aparece um espécimen deste calibre, click! O que acontece? O cérebro liga o cruise control e - de forma automática, de 3 em 3 segundos ora levanta-me uma sobrancelha, ora franze-me a testa, ou então inclina-me a cabeça para trás ou para a frente, esboça-me um sorriso... ou seja, passa para o "pica miolos" que eu estou muito interessado na conversa embora permaneça em absoluto silêncio. Enquanto isto acontece vou para a minha sala da musica mental e.... viajo! Selecciono uma musica e imagens e viajo. Aqui vai uma que liguei recentemente enquanto ouvia algo sobre ... olhem, já nem sei!


4 comentários:

Janica disse...

E há uns gajos que nós falamos com eles e simplesmente respondem: HUM!, seja lá o que isto quer dizer.
Boas imagens, excelente música

Lula disse...

E depois de tudo, ainda há os amigos que nos mimam com bons momentos de música e imagens fantásticas.

Lula disse...

... e a falar sózinha ficou também a ALEXANDRA, a menina russa que, após 6 anos inserida numa família de acolhimento portuguesa,foi entregue à mãe biológica, na RÚSSIA...
Para IMBECIL DA SEMANA voto no juíz que ditou a sentença!!!!
Mais uma vez: VIVA PORTUGAL!

Dante disse...

Comigo, ocorre o mesmo. Às vezes falo sozinho e sinto-me rodeado de várias pessoas. Estranho, não ?